All about us #2


 

Hermione estava trançando o cabelo em frente ao espelho enquanto pensava na noite fatídica de um mês atrás. Ela havia não só conversado civilizadamente, mas também dançado com Draco Malfoy. Em todo caso, a revelação da noite havia sido o “amor” do sonserino para com ela. Aquilo a havia perturbado pelo resto do mês. Não conseguira dormir direito por semanas após a declaração do rapaz.

“Deve ter sido uma aposta ou algo do tipo. Ele não podia estar falando sério.” Foi a conclusão a qual Hermione chegou após dias e dias ruminando as palavras do loiro, afinal de contas ele não havia mudado em nada seu comportamento para com ela. Se bem que ultimamente, não haviam mais xingamentos, nem trocas de farpas. Era apenas... nada. Ele quase nunca estava no mesmo ambiente que ela. Por vezes ela imaginou ter visto os cabelos platinados dele pelos corredores, mas sempre que ela tentava enxergá-lo melhor ele simplesmente sumia. 

Apesar de repetir pra si mesma que Draco Malfoy não havia mudado nada, algo a dizia que o sonserino não tinha mentido. Algo no fundo dos olhos acizentados do garoto exprimiam a mais pura verdade e ela tinha consciência disso, mas não queria acreditar. Era mais fácil pensar em Malfoy como um idiota sem coração do que um garoto apaixonado. Ainda por cima por uma sangue-ruim grifinória. Nada naquela noite um mês atrás fizera sentido algum.

“Impossível” –Pensou Hermione antes de se levantar e rumar para o salão comunal da grifinória. Ronald a esperava e ela precisava ser forte para não deixar nada do que realmente sentia, o que se resumia a confusão, transparecer.

A “conversa” com Ronald foi normal. Sempre se falavam um pouco, e faziam coisas  relativamente normais todas as manhãs, antes do café no salão principal. A garota já sabia exatamente como agir ao lado do rapaz. O que dizer, o que não dizer. O que fazer e o que, definitivamente, não fazer.

–Harry já está tomando café, vamos? – Perguntou o ruivo displicentemente após um beijo acalorado (para ele).

–Claro. –Respondeu Hermione de forma simpática. Ela teve a vã esperança de o ruivo lhe estender o braço, como fazia antes. Mas tudo o que viu foi o garoto lhe dar as costas e rumar em direção à saída. Suspirando ela fez o mesmo.

Estava cansada daquele relacionamento conturbado com Ronald, mas não conseguia se afastar do rapaz. Era tão certo, tão natural. Todos sabiam sobre eles dois e faziam questão dde dizer o quão perfeitos eles eram um pro outro. Ela o amava, tinha certeza disso. Talvez não da forma que ele a amasse, mas issso era só uma questão de tempo. Talvez, pensava a garota, ela só precisava se acostumar ao relacionamento. 

“Mentira” – Sussurrou uma voz na mente da bruxa...

Ela sabia que era tudo mentira. Ela não amava Ronald, não daquele jeito. Ela havia se confundido no começo e agora não conseguia voltar atrás. Eles deviam ser apenas amigos. Ela só estava se segurando naquele relacionamento. Sabia das traições de Rony com Lilá, sabia que ele só a queria ao seu lado por suas notas, pelo que podia oferecer a ele e por sua cumplicidade. Eles só estavam juntos por comodidade. Alguém para Rony beijar, alguém para fazer suas lições, alguém para Rony gritar e descontar todas suas frustrações. Era só pra isso que ela servia?

Não. Ela sabia que valia muito mais. Só não havia achado coragem para se desligar daquilo tudo. Ela não sabia como acabar com o relacionamento sem detruir a amizade entre ela e Harry no processo. Com certeza ele iria tentar entender o lado dos dois, mas ela sabia que seria difícil, ou até mesmo impossível, que ele não ficasse ao lado de Rony. 

Com milhares de pensamentos povoando a sua mente, a garota saiu a passos largos em direção à árvore perto do lago negro que ficava perigosamente perto da Floresta Proibida. Ela iria pular o café da manhã, já que não estava com fome e aproveitar pra revisar seu projeto no lugar que ela aprendeu a gostar tanto no último mês (ainda que não houvesse percebido). 

–Hey Harry, que você fez ao Malfoy? Ele está te encarando há um tempão. –Sussurrou Simas em um tom divertido.

Estavam na sala de poções e Hermione estava ao lado de Harry naquela aula. Ao ouvir o comentário de Simas a garota virou-se rapidamente para trás para verificar. Com horror percebeu que era para ela que Draco olhava. Ele sorriu torto, daquele jeito idiota de sempre e desviou o olhar. Hermione voltou a sua posição inicial em um segundo, encarando o caldeirão com seriedade. Suas bochechas por algum motivo resolveram arder em chamas e ela sabia que estava corando até as orelhas. 

A aula pareceu se arrastar e Hermione nunca quis tanto sair daquela sala. A grifinória saiu praticamente correndo quando os experimentos acabaram e nem notou que Rony havia se esgueirado para fora da sala, sob olhares raivosos de Harry, com Lilá Brown.

–Oh Merlin! Me desculpe, a culpa foi toda minha! –Exclamou Hermione se agachando para pegar os materiais que caíram no impacto do choque. Havia esbarrado numa sonserina do quinto ano que a olhava indignada.

–Olhe por onde anda sua sangue-ruim! Nunca mais ouse encostar em mim! Esbravejou a garota sacudindo seus cabelos platinados do ombro.

Hermione que estava ajoelhada no chão na frente da sonserina olhou abismada para a garota e estava prestes a responder algo quando uma voz gélida soou do começo do corredor, fazendo a grifinória sentir um arrepio percorrer sua coluna:

–Menos um ponto para a Sonserina.

–Que?! Enlouqueceu Malfoy? Eu só coloquei esta sangue ruim no lugar dela...

–Onde está sua educação Astória? Se não quiser perder mais pontos, retire-se por gentileza.

A loira lançou um último olhar encolerizado para Hermione, que ainda estava ajoelhada rodeada de perganhinhos e livros, e saiu batendo pé pelo corredor.

–Quer ajuda? –Perguntou Draco já se agachando para recolher alguns pergaminhos.

–Obrigada. –Respondeu Hermione meio abobalhada. Ainda não conseguia conceber a cena. Ela pegou os pergaminhos que Malfoy estendeu e aceitou a ajuda do garoto para se levantar. Ela piscou repetidamente para poder desanuviar um pouco a mente.

Malfoy. Educação. Ela. Gentileza... Palavras que não cabiam na mesma frase. Nada ali fez sentido. Nada. Ele havia a evitado por um mês e agora estava a ajudando em público? 

Os dois ficaram em pé em meio a multidão de alunos que os lançavam olhares confusos. Hermione e Draco trocaram olhares demorados em silêncio. Ela por não conseguir articular nenhuma frase coerente, não estava entendendo nada; Ele por saber que mais cedo ou mais tarde a grifinória o questionaria, como aconteceu em seguida.

–O que, exatamente, foi isso?

O loiro sorriu torto antes de responder calmamente, com a sua velha postura arrogante de sempre:

–Eu sou monitor da Sonserina, não sei se lembra disso, mas posso retirar pontos das casas se existir uma justificativa.

Hermione recuperou sua altivez, mas precisou respirar fundo para conseguir falar sem a voz tremer.

–Eu sei perfeitamente disso. Mas, quero saber o que o levou a tirar pontos de sua própria casa por causa de um xingamento que se bem me recordo, você mesmo costuma usar a meu respeito.

Se encararam por mais uns segundos, dessa vez o loiro tinha uma certa animosidade no olhar. Por fim, ele saiu sem dizer nada, deixando Hermione sozinha no corredor, olhando para a multidão de alunos embasbacados.

No lado oposto do corredor, um aluno sorria enquanto chacoalhava a cabeça ao assistir a cena se desenrolar. "Finalmente!" Pensou ele.

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