All about us #7
–Draco? Draco Malfoy? Porque você esperava por Draco Malfoy, Mione? E porque diabos você o chama de Draco? Desde quando você tem essa intimidade com ele? – Perguntou um Rony muito vermelho saindo de atrás de uma coluna larga, enfeitado com rosas vermelhas.
Foi naquele momento que a ficha caiu pra Hermione.
–Eu... Eu achei que...
–Eu te preparo uma noite romântica, um pedido de desculpas... E você pergunta por Draco Malfoy?! Foi por isso que você terminou comigo não foi?!
–Rony deixe-me explicar, eu...
–E eu pensando que você estava magoada! Eu larguei a Lilá sabia? Eu ia rastejar pra você me aceitar de volta, mas pelo que vejo você já arranjou alguém! Draco Malfoy! –Rony jogou o buquê de rosas no chão e se colocou de frente para a garota que o olhava estática no lugar.
–Rony, eu... –Tentava explicar a castanha. Lágrimas já borravam sua visão.
–DRACO MALFOY! Hermione você tem alguma noção de quem é Draco Malfoy? Ele é um comensal!
–Ele não é tão mau quanto parece... –Argumentou Hermione com uma voz baixa.
–Aquele idiota te enfeitiçou? Você por acaso enlouqueceu?! Ele te odeia! Ele nos odeia! Ele é mau sim! Tão mau quanto pode ser! –Berrou Ronald em desespero. –Não seja estúpida Hermione! O garoto sacudiu a bruxa pelos ombros tentando dar alguma ênfase para seus argumentos. Ele estava com mais medo do que admitiria. Perder Hermione para Draco Malfoy era simplesmente o fim.
–Estúpido é você! –Gritou Hermione explodindo em lágrimas. Odiava ter sua inteligência insultada. –Me largue! –Protestou ela saindo de debaixo das mãos do rapaz.
–Eu não acredito! Você me trocou por Draco Malfoy?! Draco Malfoy?! Sério Hermione? –Perguntou o ruivo furioso. –Que tipo de vadia você é?!
O tapa estralou audivelmente. A marca dos cinco dedos de Hermione ficou estampada da face esquerda do grifinório que ficou com o rosto torcido na mesma posição por muitos segundos enquanto respirava pesadamente.
–RONALD! –Gritou a garota arfando. A respiração nunca pareceu tão pesada à Hermione. Ela parou de lutar contra os soluços que lhe subiam à garganta e se deixou cair no chão.
–Nunca mais me dirija a fala. –Disse Ronald com uma voz sombria. Ele sequer pestanejou antes de sair da sala deixando a garota sozinha. De novo, aos prantos.
Ela era uma boa garota. Amava os pais, os amigos e provavelmente a rainha também. Ela amava seu gato e costumava amar seu namorado. Ou ainda amava... Draco não saberia dizer.
Era um longo dia em Hogwarts. Tinha sido uma longa vida em Hogwarts.
Ele fora educado para odiar. Odiá-la. Odiar e humilhar qualquer ser inferior.
“Mas o que me faz superior?” Ele nunca havia achado um resposta para essa pergunta.
Ela amava estudar, amava ser a melhor no que fazia. Ele tentava ser o melhor, mas ele nunca realmente quis isso. Ele era inteligente. Ela também.
Ele sempre esteve à sombra de seu sobrenome. De sua família. Ele não queria isso pra si, mas não haviam escolhas a ser feitas.
Ela sempre esteve à sombra de seus amigos. Ela sempre quis estar lá. Nunca permitira ninguém ver o quão doce e delicada era.
Ele nunca havia sentido nada de bom por ninguém. Aos doze anos ao realmente sentir falta de alguém que julgava odiar, viu que talvez não fosse quem pensava ser.
Draco Malfoy refletia e se revirava na cama. Não conseguia dormir. Os pensamentos borbulhavam dentro de si e ele não sabia mais o que fazer para parar a torrente de idiotices que lhe afloravam a mente.
Ele basicamente vivia por ela e nunca havia percebido. Humilhá-la e xingá-la eram as melhores formas que ele, como um garoto idiota que era, encontrava para fazer contato com ela. Ele nunca quis realmente magoá-la. Só queria estar perto, de alguma forma. Chamar-lhe a atenção. Ele sempre conseguiu, de uma forma ou de outra.
Levou um soco dela no terceiro ano. Foi o maior contato que já tivera, até então, com a sabe-tudo insuportável da Grifinória. Ele se irritou um pouco, mas passou a admirar mais ainda aquela garota tão corajosa.
Suspirou por ela no quarto ano. Quando a viu no baile de inverno ao lado de Krum, Draco pensou ter morrido por um segundo ou dois. Ela estava linda, ele já sabia que ela era linda, mas de todo modo... Só faltou comer os dedos de preocupação ao descobrir que ela estava dentro do lago. Obviamente, morreu de ciúmes recolhidos ao ver o búlgaro com sua sabe-tudo pra cima e pra baixo, e ao ouvir sobre os boatos dela com o Potter, mas isso foi o de menos.
Temeu por ela no quinto ano. Nunca antes tinha se sentido tão estúpido como no quinto ano. Entrar para aquela patrulha de Umbridge foi a coisa mais absurda que ele já havia feito. Colocar a vida dela em risco... Ele sabia que ela estava na maldita armada de Dumbledore. Ele sabia que ela estava em perigo no ministério. Foi quando percebeu que estava do lado errado e que nunca teria opções ou chances com ela. Ele quis morrer, quis realmente morrer naquele ano.
Havia finalmente se declarado no sexto ano. Sabe Deus porque ela não o havia repudiado. Estava simplesmente se sentido glorioso ao lembrar do beijo. Mesmo que morresse naquele momento, morreria exultante ao saber que ela não o estuporou ou matou. Ela beijou de volta. Fosse por gentileza, por pena, por retribuir seus sentimentos, fosse por estar confusa e triste... Fosse pelo que fosse ela havia o beijado de volta. Draco nunca pensou que fosse amá-la mais do que já o fazia.
Ele estava em queda livre, literalmente. Sabia que era errado, sabia que estava tudo se encaminhando para um caminho ardiloso e provavelmente com um fim horrível. Se o Lorde soubesse de seus sentimentos para com ela ele estaria em maus lençóis. Sua família estaria em maus lençóis. ELA estaria em maus lençóis. Ele SABIA de tudo isso. Sabia que ela não o amava, só estava confusa. Ele se sentia culpado por usá-la em um momento daqueles. Todos estavam fragilizados. Ela podia parecer forte o tempo todo, mas ele tinha plena ciência do quão desamparada a garota se sentia. Ele já assistira suas caminhadas regadas a lágrimas e mais lágrimas durante a noite. Ele sabia que ela sofria. Ele sabia que era o vilão da história. Ele simplesmente sabia. Sabia e não podia fazer nada. Não havia muito a ser feito.
A marca negra queimou em sua pele subitamente. O sonserino abafou um grito.
“Maldito!” –Praguejou em voz baixa. Pegou sua varinha fez um meneio com a mesma mudando suas vestes e rumou em direção ao quarto do padrinho. O lorde não gostava de esperar.
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